Você sabia que cães e gatos podem doar sangue? Veja mais sobre o tema

No mundo em que a medicina caminha a passos largos, certos procedimentos podem causar estranheza, sobretudo quando se fala de medicina veterinária. Por acaso você já ouviu falar que cães e gatos podem doar sangue, assim como os seres humanos? “A doação de sangue animal é tão importante e necessária quanto a das pessoas”, alerta Debi Aronis, fundadora de uma campanha que dissemina a importância da doação de sangue.

Alguns tutores, por receio de que seus animais de estimação sofram complicações, evitam esse procedimento. Porém, assim como em humanos, a doação de sangue animal é segura e não provoca efeitos colaterais nos mascotes, conforme explica Fábio Alexandre Rigos Alves, diretor técnico de um laboratório especializado no assunto. “O procedimento é indolor e muito rápido, dura em torno de 15 minutos”.

Como acontece a doação de sangue de cães de gatos

Antes da doação, os animais passam por uma série de testes clínicos para garantir que estão em boas condições de saúde. Não são aceitos como doadores aqueles que tenham alguma doença infecciosa, estejam muito acima do peso ideal para a raça e, no caso das fêmeas, estejam no cio. A doação é feita através de uma pequena punção na veia jugular e o sangue é coletado em uma bolsa, como acontece com os humanos. Em média, são retirados cerca de 16 ml por quilo.

Os animais de estimação sofrem de enfermidades que necessitam de sangue para tratamento

Para doar, é preciso que cães e gatos passam por alguns pré requisitos (Foto: depositphotos)

Esse tipo de procedimento é mais recomendado em animais de grande porte, com peso acima de 27 quilos, com idade entre um e oito anos, e que sejam dóceis, já que a doação acontece com o animal acordado. A transfusão de sangue pode ser total ou utilizar apenas alguns subprodutos, como o concentrado de hemácias (para animais com casos severos de anemia), concentrado de plaquetas (utilizado em problemas de coagulação) ou plasma.

Após a doação, o sangue estocado pode durar até 35 dias, quando armazenado em temperatura média de 1 a 8 graus. Entretanto, esse período varia de acordo com cada hemocomponente retirado: enquanto o concentrado de hemácias dura 35 dias, o concentrado de plaquetas permanece válido para uso por apenas cinco dias. Nesse caso, é sempre bom colher informações com o veterinário do seu pet.

Para que o animal não fique anêmico é preciso que o dono espere um período de 25 dias antes de levá-lo para realizar uma nova doação. Em alguns casos, pode ser recomendável dar um suplemento ferroso ao cão para recuperar o volume de sangue retirado.

Porque doar?

Assim como acontece com seres humanos, os animais de estimação sofrem de enfermidades que necessitam de grandes quantidades de sangue para tratamento, como cânceres e anemias, acidentes ou até casos de cirurgias. Por falta de sangue, muitos animais acabam morrendo, realidade que aumenta ainda mais a importância e a necessidade da doação de sangue animal, conforme destaca Debi Aronis, uma das fundadoras da campanha Junho Vermelho.

“A doação de sangue animal é tão importante quanto a humana porque o sangue sintético ainda não é uma realidade. Isso sem mencionar que para a maioria dos donos, os pets são parte da família, a relação é muito intensa, e ainda que todos saibam que os animais têm uma vida média mais curta do que a nossa, a dor da perda de um bichinho de estimação é tão grande quanto a de um ser humano”, afirma.

Não existem muitos bancos de sangue animal no Brasil, mas qualquer pessoa pode procurar por seu veterinário e perguntar sobre a doação.

Curiosidades do sangue animal

Ao contrário dos seres humanos, os gatos podem pertencer a três tipos sanguíneos: A (o mais comum entre eles), o grupo B e o AB. Nos cães, por outro lado, já foram identificados mais de 20 grupos sanguíneos, podendo variar inclusive entre animais da mesma raça. Por isso, a doação sanguínea leva em consideração o tipo de sangue do animal.

Ao receber uma transfusão são realizados testes de tipagem sanguínea e de compatibilidade para evitar que o receptor sofra qualquer reação adversa. Entretanto, os gatos têm maior risco de sofrer complicações durante a primeira transfusão sanguínea do que os cães. Em geral, as chances de reações ocorrem após a segunda transfusão.

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Critérios para doação

Para que animal de estimação se mantenha saudável, mesmo após a doação, é necessário que o dono siga alguns critérios: os cães devem pesar acima de 27 quilos; ter idade entre um e oito anos; não possuir doenças infecciosas, estar vacinado e desparasitado. Já entre as fêmeas, existem mais algumas recomendações como por exemplo, ela não deve estar prenha ou no cio; não ter tido carrapatos recentemente.

Para os gatos, os pré-requisitos são: pesar acima de cinco quilos; ter idade entre um e oito anos; ser criado sem acesso à rua; estar com o calendário de vacinação em dia, desparasitado e não possuir histórico de doença grave. Entre as fêmeas, além de todas essas recomendações, elas precisam não estar prenha ou no cio.

Sobre o autor

Formado em Jornalismo pela UniFavip | Wyden. Já trabalhou como repórter e editor de conteúdo em um site de notícias de Caruaru e em três revistas da região. No Jornal Extra de Pernambuco e Vanguarda de Caruaru exerceu a função de repórter nas editorias de Economia, Cidades, Cultura, Regional e Política. Hoje é assessor de imprensa do Shopping Difusora de Caruaru-PE, Seja Digital (entidade responsável pelo desligamento do sinal analógico no Brasil), editor da revista Total (com circulação em Pernambuco) e redator web do Clube para Cahorros.