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Politraumatismo em cães: Riscos, causas e como tratar

Nesse artigo você vai entender um pouco mais sobre politraumatismo em cães, os riscos desse problema, quais as causas mais comuns e como tratar essa condição. Isso e muito mais você confere a seguir!

Poucas pessoas sabem, mas o politraumatismo em cães é um problema comum nas clínicas veterinárias. Mesmo assim, poucos conhecem a gravidade desse trauma no cão. De acordo com o trabalho de mestrado do veterinário Samuel André Bailador Costa, “o politraumatismo consiste em múltiplas lesões orgânicas causadas por um mesmo acidente, com pelo menos uma delas a causar risco de vida.”

Em outras palavras, politraumatismo é uma situação onde há o comprometimento de mais de um segmento do corpo. Nesse caso, o cão apresenta diversos traumas que podem ser fraturas expostas ou internas. Infelizmente, muitos animais não aguentam a gravidade do problema e acabam morrendo.

Quais os riscos do politraumatismo em cães?

Para Samuel André, o politraumatismo é um desafio para o médico veterinário. Isso porque, esse problema é um conjunto de outros tantos. Por exemplo, um politraumatizado apresenta lesões de diversos tipos. Ainda segundo o veterinário, “as lesões mais frequentemente encontradas nestes processos são as torácicas, seguidas das abdominais, das extremidades e finalmente da cabeça.”

O politraumatismo em cães consiste em múltiplas lesões causadas pelo mesmo acidente

Acidente de carro, brigas com outros cães e atropelamento são algumas das causas desse problema (Foto: depositphotos)

Além disso, o cão que sofreu politraumatismo pode não apresentar nenhuma disfunção séria a olho nu nas primeiras horas ou dias após o acidente. Nesse sentido, tutores não buscam atendimento veterinário para fazer um check-up. Assim, quando os sinais aparecem e o atendimento é solicitado, muitas vezes já é tarde demais para o cachorro.

Desta forma, fica claro que além de dor e níveis elevados de estresse, o cão politraumatizado corre risco de morte. Comumente, os politraumatismos podem provocar hemorragias graves. “O politraumatismo foi descrito como ocorrendo em mais de 30% de todos os pacientes que sofrem algum tipo de trauma, sendo a maior parte das mortes nestes animais causadas por lesões intratorácicas, intra-abdominais ou do sistema nervoso central”, revela o veterinário Samuel André.

Outro dado referente a casos como esse decorre da maior mortalidade em animais de pequeno porte. Isso porque, entre um animal de grande porte e um de menor porte que sofrem o mesmo trauma, as chances de dimensões desse problema tendem a ser maiores nos animais menores. Consequentemente, eles são os mais morrem.

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Causas do politraumatismo em cachorros

Não é difícil imaginar como um cão pode sofrer com um politraumatismo. Para que o animal apresente várias fraturas por todo o corpo, é preciso que o impacto seja forte. Nesse sentido, as causas mais comuns desse tipo de problema são: acidentes de carro, atropelamentos, quedas de lugares altos, espancamento e até mesmo brigas com outros animais.

De todas essas causas para o politraumatismo, os atropelamentos são os que mais justificam esse problema. De acordo com o veterinário Samuel, os animais mais jovens são os mais afetados. Isso porque, são cães que possuem um alto nível de energia e por isso se fazem mais ativos. Consequentemente, correm mais riscos de passar por essa situação.

Ainda segundo o médico, os machos não castrados são a maioria dos pacientes que buscam ajuda veterinária devido aos possíveis traumas. Essa situação ocorre devido ao nível de agressividade que é maior em animais com essas características. O que acaba provocando briga entre eles.

Politraumatismo em cachorros tem cura?

Os animais politraumatizados muitas vezes não apresentam sinais externos

A primeira coisa que deve ser feita é levar o pet a um veterinário (Foto: depositphotos)

De acordo com a veterinária e autora do livro “Primeiros Socorros para Cães e Gatos”, Amy Shojai, os cães costumam sobreviver aos acidentes de carro. Isso “[…] por serem protegidos, até certo ponto, por camadas espessas de pelo e por sua considerável flexibilidade.”

Contudo, ainda segundo a médica, o período de recuperação desses animais é lento e um pouco confuso. Como já mencionado, alguns tutores não se preocupam em buscar ajuda veterinária mesmo após um acidente, levando em consideração o estado “normal” que o cão se encontra por fora.

Porém, vale ressaltar que na maioria dos casos os animais politraumatizados não apresentam sinais externos. “No entanto, enquanto isso, eles podem ter ferimentos internos que não são percebidos durante horas ou dias. E, então, a recuperação vai se tornar muito mais difícil”.

Portanto, é recomendado que o cão seja levado ao veterinário logo após o acidente. Se o animal sumir por alguns dias e voltar para casa mancando ou com dificuldade de respirar, é ideal buscar ajuda veterinária o quanto antes. Já quem presenciou o acidente, deve atender o animal com os primeiros socorros e buscar a clínica veterinária mais próxima.

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Primeiros socorros para politraumatismo em cães

Quando o animal é vítima de um acidente de carro, por exemplo, a veterinária Amy Shojai recomenda que o tutor atue de forma rápida e cuidadosa.

O nervosismo pode prejudicar o auxílio ao animal e assim diminuir as chances de chegar ao veterinário a tempo. Portanto, o dono deve agir da seguinte maneira:

  • Amordaçar o cão: Em primeiro lugar, é necessário amordaçar o cão. Isso porque, animais machucados podem ficar agressivos e atacar até mesmo o dono;
  • Verificar os sinais vitais: Em seguida, deve-se verificar se o animal está respirando e com os batimentos cardíacos. Caso não seja possível encontrar o pulso do cão ou ouvir os batimentos do animal, é indicado fazer uma ressuscitação cardiopulmonar. Para isso, é preciso colocar as duas mãos em cima do peito do peludo e pressionar de 80 a 100 vezes por minuto, alternando com uma respiração a cada cinco pressões;
  • Estancar o sangramento: É importante ainda verificar se há sangramento. Caso haja, é indicado estancar. Para fazer isso, o tutor deve colocar um pano limpo sobre o machucado e pressionar. Se o pano encharcar de sangue, deve-se colocar um por cima do primeiro e continuar pressionando;
  • Verificar gengivas: Olhar as gengivas do animal ajuda a entender o nível de perda de sangue. Por exemplo, um cão que já perdeu muito sangue pode apresentar gengivas pálidas. Nesses casos, a busca por atendimento médico deve ser ainda mais urgente. Para ajudar o cão a continuar consciente, o tutor pode aplicar um pouco de mel na gengiva do pet, cobri-lo com lençol e levá-lo direto para o veterinário;
  • Proteger o animal: Panos limpos devem ser utilizados para cobrir ferimentos expostos. Assim, evita que infecções se instalem nos ferimentos;
  • Movimentar o cão com cuidado: Como o animal politraumatizado pode ter múltiplas lesões pelo corpo, é recomendado movimentar o cão com cuidado. Segundo a veterinária, a melhor forma de transportar um animal após acidentes é colocá-lo cuidadosamente em uma superfície rígida. Em casos de emergência, com animais pequenos, até mesmo uma assadeira pode ajudar a transportar o cão até o veterinário.

Formas de tratamento

De imediato, o cão deve ficar internado para que o médico acompanhe de perto a evolução do caso e as respostas ao tratamento. Fluidoterapia, nutricional, antibioterapia, cirurgias, sedação e analgesia são as formas de tratamento colocadas em prática.

Contudo, antes de mais nada, com a chegada do animal na clínica, é preciso fazer uma rápida triagem do caso. Esse procedimento serve para que o veterinário tenha noção do que ocorreu com o cão e tenha condições de classificar o caso. As perguntas da triagem podem ser feitas no local do acidente, pelo telefone (ao longo do caminho até o veterinário) ou na clínica.

Segundo o trabalho desenvolvido pelo veterinário Samuel André, as principais abordagens sistemáticas avaliadas são:o nível de consciência; a permeabilidade da via aérea; a frequência e o esforço respiratório; a frequência e a qualidade de pulso; os sons e a frequência cardíaca (FC); a cor das membranas mucosas (MM); o tempo de repleção capilar (TRC); presença de hemorragia externa; e a presença de distensão abdominal.

Após a triagem e a avaliação do caso, o médico veterinário pode ainda solicitar exames. Raio X de tórax (ou de outras partes do corpo) e ultrassom do abdômen. Com todos  dados em mãos, o especialista passa a tomar as devidas providências para um tratamento com êxito.

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Dicas sobre como evitar politraumatismo em cães

Para evitar politraumatismo em cães é preciso evitar que o cão corra risco de sofrer acidentes. Por isso, o tutor deve estar atento as seguintes dicas:

  • Quando andar de carro com o pet, colocar o cinto de segurança no animal ou então transportá-lo em uma caixa apropriada e devidamente presa no automóvel;
  • Quem mora em apartamentos deve aderir as telas de proteção nas varandas. Isso para evitar que o animal caia;
  • Passeios só devem ser feitos com o uso de guias e coleiras. Assim evita que o cachorro saia correndo e seja atropelado por um carro, correndo o risco de ter um politraumatismo;
  • A castração, principalmente de machos, pode ajudar a controlar esse problema. Isso porque, após a cirurgia os cães tendem a ficar mais calmos e consequentemente param de brigar entre si. Nesse sentido, o risco de traumas em cães é menor.

Sobre o autor

Jornalista (MTB-PE: 6750), formada em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, pela UniFavip-DeVry, escreve artigos para os mais diversos veículos. Produz um conteúdo original, é atualizada com as noções de SEO e tem versatilidade na produção dos textos.