ONG compra cachorros que seriam abatidos na Coreia do Sul

Uma das coisas mais complicadas para um ocidental que vive na Coreia do Sul é se acostumar com um hábito cultural do país: comer carne de cachorro. Para os coreanos, a carne de cachorro tem propriedades curativas, representam virilidade e é um costume intrínseco em sua cultura.

Alguns pais costumam levar seus filhos, ainda muito jovens, a degustar dessa carne, como em um tipo de ritual de crescimento para torná-los mais viris. Esse é um hábito bem comum em alguns países asiáticos, mas o choque de culturas entre esse povo e as pessoas que vão morar no Oriente é tão grande que alguns turistas acabam se tornando ativistas.

E foi justamente isso que ocorreu nesta semana. Os ativistas das ONGs “Humane Society International” e “Change For Animals Fundations” doaram fundos financeiros para um fazendeiro, que libertou mais de 100 cães que seriam abatidos para se tornarem comida. Esse fazendeiro ainda ganhou um plano que lhe permite mudar de negócios, além de se comprometer a tentar convencer outros fazendeiros a deixarem esse ramo.

ONG compra cães que iriam virar comida

Foto: Change For Animals Foundation

As ONGs não divulgaram o valor pago, mas as compensações, geralmente, giram em torno de US$ 2 mil a US$ 60 mil. Os cachorrinhos foram vacinados e, em um mês, foram levados para a Califórnia, nos Estados Unidos, onde serão postos à adoção.

Crueldade x hipocrisia?

Alguns sul-coreanos afirmam que os ocidentais agem com hipocrisia. Comer carne de cachorro é um hábito cultural, passado para eles há gerações. E debatem: como podemos reclamar deles se nós nos alimentamos de vacas, galinhas e porcos? Apesar disso, o cenário vem mudando. Muitos asiáticos têm deixado esse costume de lado, e com o aumento da economia, algumas famílias têm se tornado mais ricas, e passam a ver os cães como bichinhos de estimação.

Mas o que incomoda não é apenas o fato de comer carne de cachorro. A maioria desses criadouros maltrata e usa de crueldade com os animais. No mercado de cães de Seul, eles são eletrocutados. Primeiro, o cliente escolhe o cãozinho. Em seguida, é colocado um eletrodo na boca do animal, que recebe uma, duas, três descargas elétricas até morrer. Antigamente, esses bichinhos eram pendurados e espancados até a morte, porque acreditava-se que experiências de terror deixavam o sabor da carne melhor.

Felizmente, os tempos estão mudando. Muitos sul-coreanos estão deixando esse hábito de lado, e alguns fazendeiros já afirmaram que queriam mudar de ramo, e só não o fazem porque precisam de alguma fonte de renda para viver.