Como superar a morte de um cachorro?

Amar o cão é fácil, mas já parou para pensar como superar a morte de um cachorro? Qual seria a melhor forma de encarar a morte do animal de estimação? Como contar isso para as crianças que conviviam com o bichinho?

De acordo com a psicóloga Catarina Lacerda, a forma mais saudável de lidar com a perda do pet é se permitindo sentir o luto em sua totalidade.

Isso porque, com o passar do tempo, os cães deixaram de ser apenas animais de estimação. Atualmente, eles são parte integrante da família. Inclusive, viver o luto dessa perda pode ser uma forma de cuidar da saúde mental e física de todos da casa.

Morte de um cachorro: saiba como superar isso

“Acredito que a forma mais ‘saudável’ para lidar com essa perda seria se permitir senti-la de fato. Porque existiu um investimento de sentimento por aquele pet, existiram momentos vividos, compartilhados, o cuidado… Então vamos nos permitir sentir falta, passar pelo luto e guardar realmente o que foi bom”, aconselha Catarina.

Superar a morte de um cachorro pode levar um tempo, nunca se prive de chorar e sentir falta

Passar pelo luto faz parte do processo de superação (Foto: depositphotos)

Ainda segundo a psicóloga, não há diferença entre um luto por um animal de estimação ou por uma pessoa. A única distinção é com relação a como o tutor se permite sentir diante a perda.

“O mesmo tempo que dura o luto por uma pessoa. O luto é o mesmo, seja pra animal, ou até um objeto. O importante é que suas fases sejam respeitadas: a primeira fase é negação, a segunda é a raiva, a terceira fase é a barganha, a quarta é a depressão e a última fase é a aceitação.”

Além disso, as pessoas são diferentes umas das outras. Nesse sentido, algumas podem sentir mais a falta do que outras, mas isso não quer dizer que o amor seja menor.

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“As pessoas são assim, cada uma sente de um jeito. Se permitem de acordo com a sua ‘capacidade’ de sentir. A questão seria se nada fosse sentido, a apatia, já entraríamos em outras questões”, esclarece.

A importância de viver o luto

Infelizmente, a sociedade ainda acaba deslegitimando o sentimento de luto com relação aos animais. Desmerecem a perda das pessoas só porque se tratava de um cão.

Por essa razão, alguns tutores podem acabar aprisionando o sentimento de luto. Em outras palavras, se privam de chorar, de se sentirem indispostos, tristes.

Contudo, todo esse esforço para fingir que está tudo bem pode prejudicar não só o psicológico, mas também o físico. É o que revela Catarina Lacerda. “Pode gerar somatizações, desencadear uma depressão maior e uma série de outros sofrimentos.”

Dessa forma, o melhor a se fazer é se permitir passar por todas as fases do luto. Deixar-se sentir a dor da perda. E ainda apostar em ajuda terapêutica.

A terapia em si já é indicada para todos nós, sempre! Independente de estar passando por um luto ou não. Uma pessoa que já vem em terapia pode estar mais preparada para esse momento, pode, inclusive, vivenciar suas relações de formas mais saudáveis, seja com pessoas do seu convívio ou até com seu bichinho de estimação”, recomenda a psicóloga.

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Como explicar a morte do cãozinho para a criança?

Explique, de acordo com a compreensão da criança, sobre a morte do cachorro

As crianças também sofrem com a perda do pet, mas merecem saber a verdade (Foto: depositphotos)

De acordo com Catarina, a forma como a morte do cachorro é explicada para as crianças depende muito de como funciona a dinâmica de cada família.

“Acima de tudo acredito que é necessário que exista a sinceridade, que não mintam para a criança mas que procurem a forma mais adequada de passar essa notícia”, recomenda.

Para a psicóloga, é muito mais fácil explicar para uma criança que já teve algum com contato com a morte. Mas, mesmo que o pequeno não tenha noção do que isso representa, o melhor vai ser sempre buscar pelo esclarecimento.

“Quando a criança não sabe, o ideal seria explicar o que é isso pra ela. Explicar que o pet está em outro lugar, que não verá mais ele/ela, que vai sentir muita saudade e que isso é normal. Começar a falar um pouco sobre o que é a morte.”

O risco da depressão

Segundo a psicóloga Catarina Lacerda, a depressão é uma das fases do luto. Contudo, vale ressaltar que esse sentimento de sofrimento intenso é diferente do transtorno.

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“É importante evidenciar que, conforme nos mostra a psicopatologia, depressão é diferente de um ‘transtorno depressivo maior’. Para saber se uma pessoa está realmente com uma depressão maior, ela deve procurar um profissional capacitado para a acompanhar”, esclarece.

Contudo, o transtorno depressivo pode surgir no tutor que acabou de perder o cachorro. Sendo assim, a melhor saída vai ser sempre buscar ajuda profissional. Cuidando da mente e, consequentemente, do corpo.

A adoção de animais como alternativa

Adotar um cãozinho pode ajudar na superação da morte do pet

Existem milhares de cãozinhos esperando por um lar e amor (Foto: depositphotos)

Infelizmente, muitas pessoas passam a não querer criar mais animais após a morte do cãozinho. Para Catarina, esse processo é natural, mas precisa saber até que ponto.

“Essa privação pode gerar um sentimento futuro também. A pessoa vive essa negação, que acaba trazendo mais angústia. Uma das formas de tentar mudar isso seria se as pessoas parassem mais para olhar quantos animais temos disponíveis para adoção, que passaram por algum sofrimento, violência. Mudar esse sentimento de privação para um sentimento de compaixão pode ajudar a dar sentido e resignificação a todo esse amor guardado“, finaliza.

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Minha experiência

Meu nome é Katharyne Bezerra e sou a jornalista do Clube para Cachorros. Durante toda a minha infância quis ter um animal de estimação, mas isso foi sempre um desejo negado pelos meus pais.

Entretanto, em 2014 engajei-me na causa animal e me tornei presidente de uma ong de proteção animal (Laika Vitae) na minha cidade. Neste mesmo ano, conheci o meu grande amor de quatro patas: o vira-lata Thor.

Em menos de um ano, Thor começou a apresentar convulsões. A princípio, os veterinários suspeitaram de diversas doenças, como cinomose e babesiose (doença transmitida pelo carrapato).

"Thor me ensinou que cada animal não-humano precisa de respeito, amor e compaixão"

Katharyne e seu inesquecível Thor (Foto: Arquivo Pessoal)

No entanto, depois de diversos tratamentos e exames, foi constatado que o meu SRD sofria de epilepsia. Foram três anos lutando com Thor. Idas ao veterinário, noites acordadas, remédios e mais remédios para controlar as crises. 

No dia 2 de fevereiro de 2017, fui visitá-lo na clínica onde ele estava internado. Naquele dia vi que Thor não tinha mais o brilho nos olhos e disse: “Tudo bem, meu guerreiro, você pode descansar agora. Obrigada por tudo.”

No dia seguinte, recebi a notícia que naquela manhã Thor tinha virado estrelinha para o meu céu. Meu primeiro e tão sonhado cachorro foi embora após uma despedida dolorosa para nós dois.

Fui liberada do trabalho. Passei dias chorando e sem vontade para nada. Mas, lembrei da promessa que o fiz enquanto ele ainda era um filhote: eu iria continuar lutando por todos os amiguinhos dele de rua.

E é o que continuo fazendo até hoje. Acredito que todos os animais têm algum propósito na Terra, inclusive nós os humanos. Para mim, o de Thor era me ensinar que cada animal não-humano precisa de respeito, amor e compaixão.

Lidando com a morte

Hoje crio uma cachorrinha chamada Pepita, uma vira-lata que não para quieta. Lembro de Thor todos os dias, mas sei que ele está comigo e com a minha neguinha (Pepita) durante todas as horas.

Algumas pessoas me perguntam como superar a morte de um cachorro e eu sempre busco responder que você deve curar uma dor com um novo amor. Não há nada mais lindo, corajoso e gratificante do que dar uma oportunidade de ser feliz a um cachorro de rua.

Sobre o autor

Jornalista (MTB-PE: 6750), formada em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, pela UniFavip-DeVry, escreve artigos para os mais diversos veículos. Produz um conteúdo original, é atualizada com as noções de SEO e tem versatilidade na produção dos textos.