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Cães de assistência: peludos levam qualidade de vida para pacientes

Existem cinco tipos de cães de assistência, são eles: cão guia, cão ouvinte, cão de alerta médico, cão de serviço para crianças com autismo e cão de serviço para cadeirantes. Estes dois últimos são os tipos trabalhados no Brasil, pela instituição Bocalan, fundação espanhola que surgiu em solos brasileiros há dois anos, mas que já desempenha um papel importante no seguimento há 25 anos.

Espalhada em mais de 10 países, a entidade conta com treinamento especializado, programas de formação para profissionais e programas sociais, visando levar cães de assistência ou terapia assistida para quem precisa. De acordo com a porta-voz da instituição, Rocío Marín, em toda a história, a Bocalan já entregou mais de 300 cães aos pacientes. Só no Brasil, foram três animais.

“Depois de muitos anos de experiência, podemos garantir que os animais podem proporcionar qualidade de vida, trazendo benefícios diários no campo da motivação, socialização e, claro, no campo terapêutico”, ressalta a representante da fundação em entrevista ao Clube para Cachorros.

Cães de assistência: peludos levam qualidade de vida para pacientes

Fotos: Reprodução/ Bocalan Brasil

Formas do cão ajudar o paciente

Atualmente, a Bocalan Brasil trabalha apenas com cães de serviço para crianças autistas e para cadeirantes. O primeiro tipo, como o próprio nome já induz, é indicado para conviver e facilitar a vida de crianças afetadas pelo Transtorno do Espectro Autista (TEA). Já no segundo caso, os cachorros são destinados as pessoas que usam cadeiras de rodas e ou aparelhos ortopédicos.

Com relação aos benefícios que os animais proporcionam na vida das pessoas, a porta-voz da instituição diferencia os dois tipos. Isto porque, os cães que acompanham crianças autistas tem como benefícios “reduzir o risco de condutas de fuga, redução das condutas estereotipadas, ajuda na tolerância aos tempos de espera e aumentam a tolerância à frustração, aumentam a interação social e as habilidades sociais, aumentam a atenção e concentração”, explica.

Além disso, a companhia desses animais para os pequenos que possuem o distúrbio também contribui para aumentar a comunicação verbal e não verbal, a compreensão, o contato visual e a aprendizagem. Ao mesmo tempo que os cães conseguem baixar o stress e a ansiedade do paciente, também facilitam a adaptação a novos ambientes.

Já quando o assunto são os cães para cadeirantes, Rócio é enfática: “Estes cães dão ajudas técnicas que permitem melhorar a autonomia da pessoa com deficiência física em sua vida diária. Têm habilidades como: recolher objetos do chão, abrir ou fechar portas e gavetas, acender ou apagar luzes, ajudar a despir-se, transferências da cadeira para cama, ajudar em quedas, entre outras.”

Como ocorre o treinamento destes cães?

Segundo Rócio, não é todo animal que pode se tornar um cão de assistência e não é qualquer pessoa que pode treinar um pet para esta finalidade. “Os cães são cuidadosamente selecionados ainda quando filhotes, socializados por uma família voluntária durante aproximadamente um ano e depois passam por várias provas de temperamento e sensibilidades antes de começar o treinamento que demora cerca de um ano – primeiro é feito um treinamento básico em todos os cães e, depois, dependendo do temperamento, um treinamento avançado direcionado ao tipo de cão de assistência que vai ser”, explica a representante da instituição.

Só após todo este processo, o cão passa pelo acoplamento, que é quando o futuro paciente passa a conviver com o animal, no intuito de ambos se acostumarem. Além disso, a porta-voz explica que os cães precisam ter características específicas. “Os cães precisam ser calmos, curiosos, gostar de trabalhar e gostar de pessoas”, alerta.

Todos os cães de assistência são divididos em grupos e podem ser identificados pelas cores de seus coletes. Por exemplo:

  • Colete Laranja: Filhote em Socialização;
  • Colete Amarelo: Cão de Assistência em treinamento;
  • Colete Azul: Cão de Serviço para Crianças com Autismo;
  • Colete Verde: Cão Ouvinte para Pessoas Surdas;
  • Colete Preto: Cão de Serviço para Pessoas em Cadeiras de Rodas ou com Mobilidade Reduzida;
  • Colete Cinza: Cão de Serviço de Alerta Médico;
  • Colete Vermelho: Cães de Terapia.

As 3 primeiras entregas

Os três primeiros pacientes que receberam os cães de assistência, foram Maria Clara, Victor e Suelen. “A nossa sensação é uma mistura de orgulho e saudade. Os cães moram com a gente por um tempo e acabam virando nossa família. Mas vê-los fazer esse trabalho lindo e ajudar essas famílias nos enche de alegria, emoção e orgulho. Já os usuários, ao receberem os cães em suas casas, sentem uma mistura de medo pelo desconhecido, emoção e esperança”, conta Rocío.

No caso de Maria Clara, o labrador retriever, chamado de Pandeiro, auxilia a vida da menina de seis anos que tem problemas para se locomover, tendo em vista que aos três anos foi diagnosticada com Transtorno Global de Desenvolvimento (TGD). Victor, também de seis anos, conta com a ajuda do golden retriever, Manjericão, para vencer os desafios do autismo.

Suelen, por sua vez, tem dificuldades em se locomover devido a Distrofia Muscular Facio-Escápulo-Umeral, que foi descoberta quando ela tinha 12 anos. Hoje, com 33, tem a ajuda do labrador retriever, chamado de Feijão.

O trabalho da Bocalan

“Atualmente contamos com dois importantes e significativos parceiros: a marca EUKANUBA™, da Mars, que alimenta nossos cães de assistência em treinamento e com veterinários da clínica Pet Center São Caetano que nos ajudam com os check-ups periódicos”, afirma Marín. Além destas parcerias, a fundação conta com o apoio econômico da sua escola de formação.

Todo este apoio é essencial para dar continuidade ao trabalho da Bocalan, tendo em vista que cada cão está avaliado em, aproximadamente, R$ 30 mil. Em contrapartida, os cães são entregues gratuitamente para quem precisa. Se alguém se interessar em ajudar o projeto ou em ser um beneficiário, basta entrar em contato com a fundação via email.

“Aos poucos, queremos ampliar o projeto localmente para outros tipos, como cães de alerta médico que são capazes de detectar câncer ou crises de hipoglicemia pelo cheiro, por exemplo. Nosso objetivo é promover o estudo do comportamento humano e animal, divulgar e realizar atividades com os animais”, finaliza Rocío Marín.

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Sobre o autor

Jornalista (MTB-PE: 6750), formada em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, pela UniFavip-DeVry, escreve artigos para os mais diversos veículos. Produz um conteúdo original, é atualizada com as noções de SEO e tem versatilidade na produção dos textos.