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Tratar cachorro como filho é natural?

Durante a criação de um cão, tutores podem se questionar se é natural tratar cachorro como filho. Isso porque, de melhores amigos do homem os cães deram um salto para ocupar os cargos de filhos.

A tentativa desenfreada de tentar humanizar os animais não é uma atitude saudável, de acordo com especialistas em comportamento canino. Os cachorros têm seus instintos e eles precisam ser respeitados e estimulados pelo tutor.

Além disso, tratar cachorro como gente não é benéfico nem mesmo para o próprio dono. Psicólogos alertam para as consequências desse tipo de conduta tomada pelos tutores com relação a criação dos cães.

Tratar cachorro como filho é natural?

Tratar o cachorro como filho pode afetar negativamente tanto o pet quanto o tutor

Os cães podem se tornar agressivos e territorialistas (Foto: depositphotos)

O problema não está em chamar o cachorro de filho, oferecer mimos ao animal ou colocá-lo como um membro da família. O problema é tentar transformar um cão em gente.

Em entrevista ao Jornal da Cidade de Bauru, o zootecnista e especialista em comportamento animal Alexandre Rossi afirma que a humanização do cão pode ter consequências sérias. Isso porque as necessidades naturais dos animais são diferentes das dos humanos.

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“Por exemplo, cães muito mimados, que não conhecem limites, costumam não gostar de serem contrariados e podem passar a manifestar agressividade, inclusive com os donos, que não entendem o motivo desse comportamento”, explica.

Ainda segundo Alexandre Rossi, os cães vivem para ocupar determinadas posições dentro dos grupos. Quando o tutor não se posiciona como líder da família, o cachorro se vê como tal. Assim,pet passa a impor seus desejos e vontades.

Além da agressividade, o cachorro pode apresentar outros problemas. Segundo o médico veterinário Mauro Lantzman, tratar cachorro como filho pode trazer consequências negativas para o animal.

“Na maioria das vezes vai criar estresse, pode criar ansiedade e medo. E eventualmente, como uma consequência de mais longo prazo, comportamentos compulsivos, distúrbios comportamentais e agressividade“, revela o veterinário em entrevista ao Jornalismo da Tv Cultura.

Tratar cachorro como gente também traz malefícios para o próprio tutor. Por exemplo, projetar no cão a imagem de uma pessoa faz com que o tutor acredite que as relações humanas são mais fáceis de serem controladas.

Entretanto, sabe-se que os vínculos sociais são diferentes. Frente a isso, o tutor pode acabar se desestimulando a ter outras relações com humanos, para evitar desilusões e decepções.

Formas de humanizar cachorros

Banhos em excesso e uso de roupinhas são exemplos de tentativa de humanizar o pet

Cães não podem ser tratados como humanos pois as necessidade são distintas (Foto: depositphotos)

Em diversas situações, os tutores podem cometer o erro de humanizar os cachorros. Claro que a intenção nunca é prejudicar o animal, mas com determinadas atitudes os donos podem causar problemas ao pet.

Uso de acessórios na caminhada

Por exemplo, alguns tutores usam carrinho de bebê ou até mesmo sling, o famoso “canguru”, para passear com os cães. Para os especialistas, esse tipo de comportamento é totalmente inadequado.

Porém, cães gostam e precisam caminhar, mesmo as raças mais calmas. Tirando esse estímulo do cão, o tutor pode contribuir não só para mudanças comportamentais do cão, mas também para o sedentarismo e a obesidade no animal.

Mas claro que há exceções. Um dono pode usar de carrinhos ou outros métodos para passear com um cão que esteja muito velhinho ou com problemas nas articulações. Nesses casos é até aconselhável, para que o animal não perca a oportunidade de conhecer novos lugares.

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Uso inadequado de roupinhas

“Outro exemplo são as roupinhas. Elas deixam o animal bacana, mas tem que ter noção de quando ele precisa colocar roupa, quando terá utilidade ou pelo menos quando não está prejudicando o bem estar do animal”, alerta Alexandre Rossi.

Com as roupinhas também há ressalvas. Em épocas frias, o cão de pelos curtos ou sem pelagem pode usar acessórios que consigam aquecer o corpinho.

Há ainda um grave problema de socialização para o animal. Donos que privam os cães de conhecerem novos animais, estão contribuindo para que o animal se torne agressivo, territorialista e até mesmo desesperado.

Banhos em excesso

Banhos em excessos também trazem problemas para o cachorro. Com o intuito de deixar o cão sempre limpo, para que ele possa subir na cama ou no sofá, as pessoas investem em muitos banhos por semana.

Essa atitude pode prejudicar a pele do animal, causando irritações na pele. Já os perfumes podem deixar o cachorro com alergias. Retirando assim, toda a naturalidade dos cães.

De acordo com recomendações veterinárias, o cachorro deve tomar banho uma vez por semana. Assim, o tutor limpa realmente a sujeira, sem eliminar a proteção natural dos bichos.

Diante de tudo, é possível perceber que não tem problema cuidar do cão e permitir que ele tenha uma vida com privilégios. Contudo, vale ressaltar que para isso não é necessário humanizar o cão ou transformá-lo em gente.

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É natural querer chamar o cachorro de filho e cuidar dele como se fosse um membro da família. O que não é normal é esquecer das necessidades naturais do cão, fazendo com que o animal viva uma vida com comportamentos que para ele não são inatos.

Sobre o autor

Jornalista (MTB-PE: 6750), formada em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, pela UniFavip-DeVry, escreve artigos para os mais diversos veículos. Produz um conteúdo original, é atualizada com as noções de SEO e tem versatilidade na produção dos textos.